quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O prazer de reconhecer a nossa arte




Por Victor Almeida


Sou um eterno apaixonado por filmes brasileiros, tenho grande admiração pelo nosso cinema desde “Central do Brasil” que assisti, pela primeira vez, aos 11 anos de idade em 1998. De lá pra cá, a vontade de acompanhar o que era produzido no nosso país só foi aumentando. Depois de Central, no qual me deparei com um "monstro sagrado" chamado Fernanda Montenegro, fui atrás de outros títulos que não condiziam com o gosto da minha "turma", que na época vibravam com os longas norte-americanos. Foi então que conheci obras primas como “A Ostra e o Vento”, “Eles não usam black-tie”, “Toda nudez será castigada”, entre outros.


O que sempre chamou a minha atenção é a coragem e a criatividade de nossos cineastas que mesmo com tantas adversidades, realizam filmes que enchem de orgulho qualquer brasileiro que como eu acompanha os nossos títulos de peito aberto, deixando de lado o estigma de que os filmes estrangeiros são melhores e mais bem produzidos que os daqui.


E o mais recente exemplo de tudo o que falei se chama “Sonhos Roubados”, de Sandra Werneck. Ovacionado em vários festivais em 2009, Sonhos chama atenção pela forma como as personagens principais são retratadas, que pela temática (favela, pobreza e miséria) explora os seus pensamentos, as suas ideias e seus sonhos, deixando de lado o estereótipo de quem as enxergam através do asfalto. Sandra acertou em cheio ao retratar os questionamentos das meninas de forma natural eliminando os questionamentos da sociedade que muitas vezes pregam a moralidade, mas não oferece subsídio para isso, principalmente em se tratando das classes menos favorecidas espalhadas por todo o país.


O elenco é outra grata surpresa, pois mistura os medalhões de ouro Marieta Severo e Nelson Xavier com novos e promissores nomes, como Nanda Costa e Amanda Diniz, que comovem e levam a reflexão, afinal. quais são os anseios das meninas brasileiras, muitas vezes, desamparadas pela família, amigos, e por que não dizer pela sorte. Enfrentando tudo e a todos, escondendo e enterrando a fragilidade de seus corações.