quinta-feira, 23 de abril de 2009

A voz daqueles que não tem voz












Por Suzano Almeida





Como deve ser duro saber que você, apesar de toda pompa, de todo poder, de toda marra não é inquestionável. Como um macaco que depois de vencer o líder do grupo imponente se ergue e acredita que ali reinará para sempre. Ora, ainda que permaneça por muito tempo no poder ou que acumule este poder de forma a amedrontar os outros, sempre haverá aqueles que não se curvarão a sua verdade absoluta, que só você vê como verdade.

Um dia a casa cai e você cai do trono, ainda que aquele que te derrube não ascenda a ele. Mas ele incitará outros que o escorraçarão e você não passará de um verme, assim como você via os que estavam a seus pés.

Ninguém é rei para sempre, assim como nenhuma algema cala a verdade ou prende um inocente eternamente.

Um grito ecoou no Supremo Tribunal Federal (STF), quando o único negro - aquela classe que antes era vista como inferior pelos racista, hipócritas e detentores do poder - exclamou com a voz do povo brasileiro: "o senhor (Gilmar Mendes) me respeite!". Ali tornava-se visível o clamor de um povo cansado de ver os corruptos-poderosos saírem da cadeia com seus hábeas corpus de baixo do braço a mando do "presidente da Justiça". E o delegado, mais ou menos, mocinho tendo que se explicar ali e acolá por ter prendido o banqueiro corrupto, que graças ao "presidente da Justiça" está solto e se fazendo de vítima.

"Me respeite, o senhor não está falando com seus capangas", gritava o negro-juiz, ministro Joaquim Barbosa. E continuava: "o senhor está destruindo a justiça deste país". - Viva! alguém conseguiu dizer isso ao ditador das leis - "saia à rua ministro". Ele não poderá, as ruas são perigosas para os amigos da ilegalidade; ou quer dizer: justiça cega.

"Eu estou na rua", grita retrucando o impopular "rei". Mas não é veradade. A verdade vem no próximo golpe do nosso representante moral - "não está. O senhor está na mídia destruíndo a imagem da Justiça deste país".

Ao juiz presidente, defensor dos ricos e oprimidos só resta a intervenção dos puxa-sacos de plantão, que não falam pelo povo, mas por uma "panelinha" mais próxima do poder.

A voz que o povo usa no dia-a-dia não serve para gritar contra as injustiças da Justiça, ele é medrosa, ou melhor preguiçosa, só serve para reclamar pelos cantos. Protestar batendo nas mesas de bar, depois de reclamar que seu time perdeu (que é mais importante do que dá ouvidos ao juduciário), a final quem pôs ele lá não foi a gente mesmo.



Vamos embora, mas quem vai fazer a hora? Será que todo essa gritaria vai virar apenas audiência e letras nos jornais?

imagem: google/abril